Compostagem no chão
Esse método é muito fácil de implementar mas depende de um pedaço, mesmo que reduzido, de terra. Pode ser utilizado em casas, sítios e até em jardins de edifícios (mas claro que precisa combinar com os outros moradores antes).
Os resíduos orgânicos podem ser dispostos livremente em pilhas ou também cercados por estruturas de madeira, metal ou tijolos, por exemplo. No caso que vamos mostrar aqui foram dispostas duas tábuas de madeira que estavam sem uso há vários meses. As tábuas estão soltas, apenas escorando as pilhas para separar a composteira de algumas plantas (que podem sofrer com o aquecimento gerado na fase termofílica).
Materiais necessários:
Assim como nos outros métodos, vamos utilizar os resíduos orgânicos de cozinha e materiais orgânicos secos (folhas, galhos cortados em pedaços pequenos, serragem de madeira sem tratamento químico, etc). Para revirar as pilhas, ajuda muito usar uma enxada e uma pazinha de jardinagem. Na falta de um regador, é bem fácil improvisar um com garrafas plásticas de qualquer tamanho, basta fazer furos nas tampas.
Neste pedaço do jardim, havia uma pilha disposta livremente. Foram dispostas duas tábuas, isolando o espaço da composteira. O material já em processo de decomposição foi acumulado para o lado direito.
No lado esquerdo, serão depositados os restos orgânicos gerados na cozinha. É preciso cobrir bem com os materiais secos para evitar a intensa proliferação de moscas e mosquitos, além de animais maiores.
Quando o lado esquerdo estiver preenchido, provavelmente o material do outro lado já estará em condições de ser utilizado no jardim e nos vasos.
Visão mais ampla do material fresco recém disposto e o espaço total da pilha.
Depois disso é só regar bem pois a água é fundamental para o processo de compostagem, como você aprendeu na página anterior. Sugerimos uma rega a cada três dias.
Vamos disponibilizar um carrossel de imagens acompanhando o processo de compostagem com atualizações diárias. Ao final do preenchimento da pilha, veremos o estado do material que já estava em decomposição e foi disposto no lado direito da nossa composteira de chão.
Vantagens e desvantagens
A principal vantagem desse método é que possibilita compostar uma grande quantidade de material orgânico. A partir de apenas duas pilhas diretamente no chão (ou ainda uma mesma pilha dividida ao meio) é possível reaproveitar praticamente todos os resíduos compostáveis produzidos em uma residência.
Como desvantagem, destacamos a impossibilidade de captação do chorume (ou biochorume, biofertilizante, etc). Com isso, parte dos nutrientes é perdida por lixiviação e deixamos de aproveitar os benefícios da aplicação desse líquido, que é rico em nutrientes de rápida absorção.
Quando esse método é praticado em grande escala, por exemplo nos pátios de compostagem, é preciso utilizar mantas impermeáveis ou geotêxteis para evitar a contaminação do solo e dos lençóis freáticos. Na próxima edição desse experimento, vamos tentar utilizar um sistema de captação do chorume.
1º mês
2º mês
1ª etapa finalizada em 02/10/2020.
Avaliação do processo realizado
Após 60 dias de abastecimento da pilha, a próxima etapa é deixar o composto do lado esquerdo da pilha maturar por mais 60 dias. O composto do lado direito, neste ponto, já teve 60 dias para maturar e foi retirado da pilha. Poderíamos agora passar a abastecer o lado direito da pilha, mas o abastecimento dessa pilha será deixado de lado por enquanto para privilegiar o uso da composteira com baldes plásticos.
É importante fazer uma avaliação do processo de compostagem desenvolvido ao longo desses dois meses, apontando os problemas encontrados e como resolvê-los.
Este experimento de compostagem no chão seguirá apenas no acompanhamento da maturação do composto pelos próximos 60 dias. Os abastecimentos serão retomados a partir da utilização de sistema de coleta do chorume, como proposto no canal do YouTube do pessoal do IFSC Câmpus Garopaba. Ou neste mesmo jardim ou já no Circuito da Compostagem do Parque CienTec.
Um fator inicial, que contribuiu para alguns dos problemas, foi a limitação do espaço. Por falta de um lugar mais adequado, a pilha foi montada embaixo de um pé de amora e cercada de outras plantas.
Esse fator dificultou os trabalhos de manutenção, porque para acessá-lo é preciso se abaixar um pouco, em especial o revolvimento da pilha, que foi feito poucas vezes e com uma pequena pá (já que ficava muito desconfortável usar a enxada abaixado). Para compensar um pouco, ao invés de revolver a pilha, algumas vezes utilizamos um pedaço de cabo de vassoura para fazer "furos" na pilha, o que beneficiava a aeração.
A frequência de fornecimento de água ao sistema também foi baixa, nesse caso mais por falta de organização do que pelas condições do local.
Assim como no experimento com a composteira com duas garrafas PET, o fator granulometria foi relevante.
Nas imagens é possível ver restos de serragem, galhos e cascas de ovos, que preservam características físicas suficientes para sua identificação.
É importante reduzir o tamanho desses materiais para facilitar sua decomposição.
Autoria: Pusceddu, L.; (2020) Compostagem no chão.
Créditos detalhados
Texto e fotos: Luca Hermes Pusceddu - lhp@ib.usp.br