Composteira com duas garrafas PET
Existem várias versões para o preenchimento deste tipo de mini-composteira, apresentaremos aqui uma versão própria.
A diferença mais marcante deste modelo é que ele possui um coletor para o biochorume, que pode ser diluído (proporção de 1 parte de biochorume para 10 partes de água) e utilizado como biofertilizante.
Mais do que no exemplo anterior, é preciso tomar as devidas precauções para evitar acidentes. Se você é uma criança, peça a ajuda de um adulto para que essa interessante atividade não se transforme uma experiência desagradável. O primeiro passo é preparar a estrutura com as garrafas. Depois preenchemos a mini-composteira e finalizamos a montagem.
Preparando a estrutura com as duas garrafas PET
a) Cortando as garrafas:
A primeira garrafa formará a base da composteira, que também funcionará como caixa coletora do biochorume. Na imagem 2 é a garrafa à esquerda (no entanto, foi necessário reduzir o tamanho da base até o início das ondulações da garrafa para possibilitar o encaixe) .
A segunda garrafa vai formar uma espécie de funil, então é preciso cortar apenas um pequeno pedaço da parte de baixo dela. Na imagem 2 é a garrafa à direita. Estes cortes foram realizados com uma faca de cozinha com serra.
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b) Preparando a tampinha:
Aqui é preciso muito cuidado para não se machucar. Para fazer pequenos furos na tampinha da segunda garrafa, por onde vai escorrer o biochorume, utilizamos um pequeno prego. Com o auxílio de um alicate, esquentamos o prego na chama de um fogão (é possível usar um isqueiro) e fizemos alguns furos. Depois que o prego esfriou, os pequenos buracos foram alargados com ele para facilitar a passagem do biochorume.
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c) Encaixe das garrafas:
Pode variar um pouco dependendo do formato das garrafas, como explicado antes o tamanho da base teve que ser reduzido para facilitar o encaixe.
Na imagem 5 a estrutura básica já está pronta, colocando a tampinha no pedaço de garrafa em formato de funil e encaixando os dois pedaços de garrafa.
Na imagem 6 é possível ter uma visão mais destaca da base/ caixa coletora.
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Preenchendo e finalizando a montagem da composteira:
a) A primeira camada será formada pelas pedrinhas, que ajudarão a evitar que os buracos da tampinha sejam entupidos.
b) Depois acrescentamos um punhado de terra.
c) Logo acima, colocamos os restos orgânicos frescos. Nesta montagem foram utilizadas cascas de banana, cebola, alho, ovo, restos de tomate, brócolis e mamão, além de borra de café (com o filtro de papel) e saquinhos de chá.
d) Acima dos restos orgânicos frescos vêm as folhas secas. Nesta montagem utilizamos menos material orgânico seco do que material orgânico fresco, numa proporção inversa ao ideal (ao invés de utilizar 1/3 de material fresco e 2/3 de material seco, utilizamos 2/3 de material fresco e 1/3 de material seco).
Esse arranjo foi pensado para permitir o uso de uma quantidade maior de restos de alimentos, que serão reaproveitados ao invés de descartados junto com o lixo comum.
Em geral a proporção de 1/3 de material fresco para 2/3 de material seco é proposta visando buscar níveis próximos à relação carbono/nitrogênio ideal, que é 30 partes de carbono para cada 1 de nitrogênio. Os materiais secos em geral contém uma quantidade maior de carbono em relação aos materiais frescos que têm relativamente mais nitrogênio.
e) Para finalizar a montagem, acrescentamos um pouco de água e fechamos a parte de cima com um pedaço de meia de nylon. O nó feito na parte fechada da meia foi feito para compensar alguns furos, já que o ideal é utilizar uma meia que já seria descartada.
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A mini-composteira com coletor de biochorume está pronta!
Após 5 dias, foi inserida nova medida de água para estimular a formação de chorume.
Previsto para durar apenas um mês, o experimento foi adiado por mais 10 dias e depois mais 10, totalizando 50 dias. Aparentemente, os principais fatores que explicaram esse atraso foram a granulometria (os restos orgânico deveriam ter sido picotados para aumentar a área de ação dos microrganismos, em especial o filtro de café e as cascas de ovos) e a reduzida quantidade de matéria seca no começo do experimento.
Se você conseguiu ou teve problemas em fazer sua própria mini-composteira, nos conte sua experiência através dos canais de comunicação disponíveis na página Circuito da Compostagem.
Acompanhe aqui o desenvolvimento dia a dia. Finalizado em 12/09/2020 após 50 dias.
Como ficaram os produtos da compostagem, composto e chorume, ao final dos 50 dias:
É possível observar que alguns materiais não terminaram de ser decompostos, como as cascas de ovos e o filtro de café (um pouco menos visível nestas fotos).
O chorume, mesmo após 50 dias, não apresentou mal cheiro. Inclusive tinha um aspecto bem diluído, ao contrário por exemplo do chorume coletado do minhocário mantido paralelamente no mesmo quintal.
Uma análise superficial dos produtos deste experimento apontam claramente para um processo incompleto de compostagem. Utilizando a mesma estrutura montada com as 2 garrafas PET, o experimento será repetido e apresentado em um novo carrossel de imagens. Desta vez o aspecto da granulometria, ou seja, do tamanho dos resíduos, terá uma atenção especial.
A 2ª edição do experimento já começou! Acompanhe aqui na sequência:
Como já comentado, nesta edição os fatores de granulometria e proporção dos materiais secos e frescos terão uma atenção especial. Para melhorar as condições para a compostagem, serão adotadas duas estratégias:
Os resíduos serão reduzidos com o uso de uma tesoura para aumentar a área de contato para a ação dos microrganismos.
Melhorar a proporção dos materiais secos e frescos: na primeira tentativa, para aumentar a quantidade de material fresco, a proporção foi inversa à ideal, 1 parte de material seco para 3 partes de material fresco. Nesta versão, a proporção será próxima a 1 parte de material seco para 1 parte de material fresco.
Como material fresco, serão utilizadas cascas de banana, mandioquinha, beterraba (cozida), borra e filtro de café e restos de guardanapos. Para compor a parte seca dos resíduos orgânicos, folhas e galhos secos. Cada material desses já possui microrganismos que atuam na decomposição dos resíduos, mas para turbinar o processo será acrescentado um punhado de terra, que reforçará nossa "mão de obra". Além disso, não será feita a camada inicial com pedrinha desta vez. Apesar de ajudar a não entupir os furinhos na tampa da garrafa, acabam ficando misturadas ao composto final, o que não é interessante.
Primeira camada de material seco picotado
Camada de restos de cozinha, o material fresco
Literalmente, um punhado de terra (neste caso bem humificada)
Camada de terra acrescentada
Nova camada de material seco
Cobertura com meia de nylon para evitar a invasão de insetos
Experimento montado, agora vamos acompanhar por 30 dias e ver como o processo se desenvolve.
Da mesma forma que na edição anterior, foi acrescentado meio copo de água, porém de forma mais lenta (isso foi feito do 3º para o 4º dia). É provável que o chorume formado na edição anterior estava bastante diluído porque a água foi acrescentada bruscamente, atravessando os materiais muito rapidamente.
Finalizado em 12/10/2020.
Resultados da 2ª edição desse experimento
Os dois produtos da compostagem apresentaram grandes diferenças em relação à 1ª edição do experimento. Relembrando que nessa edição, foram corrigidos dois fatores: a granulometria (tamanho dos resíduos orgânicos) e a proporção de matéria orgânica seca.
O chorume apresentou coloração bem mais escura e assim como aconteceu na 1ª tentativa não apresentou mal cheiro. Após a diluição em 10 partes de água foi utilizado para nutrir algumas plantinhas no jardim.
O segundo produto a ser analisado é o composto. Assim como na 1ª edição, a redução no volume foi muito grande, o que é uma característica importante do processo de compostagem.
No entanto, é possível observar que ocorreu uma decomposição mais rápida dos resíduos orgânicos frescos, não sendo possível identificá-los no composto.
O mesmo não se pode afirmar dos resíduos orgânicos secos, que são materiais mais resistentes e por isso têm uma decomposição mais lenta. Isso não atrapalha a utilização do composto, desde que misturado com uma parte igual de terra comum.
Autoria: Pusceddu, L.; (2020) Composteira com duas garrafas PET.
Créditos detalhados
Texto e fotos: Luca Hermes Pusceddu - lhp@ib.usp.br