Você sabe o que são Plantas Alimentícias Não Convencionais

A sigla PANC corresponde ao grupo de plantas comestíveis nativas que podem ser colhidas de terrenos como quintais, canteiros, beira de estrada, terrenos baldios e etc. Não produzidas ou comercializadas em grande escala, são usadas na alimentação como verduras, hortaliças, frutas, castanhas, cereais, condimentos e assim por diante. (2)

O acrônimo PANC foi criado por Irany Arteche em 2019. Antes como sigla, agora o acrônimo adquire um sentido atrelado ao próprio grupo de iniciais de outras palavras. Irany, nutricionista e mestre em Fitotecnia na UFRGS, defende a presença da agroecologia na gastronomia.

O estudo e resgate dos saberes tradicionais fornece a identificação de mais espécies de plantas, quais ou se todas das suas partes são comestíveis e onde são encontradas. Sobre alimentação, há uma enorme relação de uma prática saudável com o impacto na saúde humana e na saúde planetária, dos ecossistemas e do solo. Irany também considera a multifuncionalidade da alimentação, como componente nutricional, cultural e ambiental. (1)

A recuperação de novas-antigas tradições para o cardápio vegetal contemporâneo faz parte de uma escolha alimentar não convencional. A fuga do habitual propícia para uma nova perspectiva ambiental de produção de comida.

O reconhecimento das PANCs possui a função de trazer plantas, antes só consideradas ornamentais, para a rotina alimentar dos estudantes desse grupo vegetal. A popularização das espécies abre espaço para áreas como gastronomia, nutricionista, vegetarianismo e veganismo.

A biodiversidade brasileira permite que as PANCs funcionem como instrumento para alcançarmos nossa independência nutricional, Culturalmente, também temos acesso à construção de uma própria identidade gastronômica nacional, ou seja, não colonial.

Exemplos populares de PANCs são: Caruru, Taioba, Umbu, Melão Cabloco/Cruá, Feijão Guandu e Pequi. Uma das PANCs mais famosa é a Ora-Pro-Nobis. Ela possui variedades de subespécies com floração rosa e diferença entre seus sabores. Diferem-se também em seus nutrientes e forma de preparo. Essa planta possui facilidade de fixação e crescimento, podendo muitas vezes cumprir não só o papel alimentício, mas também ornamental devido ao tamanho e quantidade de suas folhas. (1)

Visando aumento da qualidade de vida, há uma demanda cada vez maior por uma alimentação não industrialmente química, homogênea, e saturada, que cumpra o papel na saúde humana e de variedade nutricional. Isso faz com que as PANCs sejam uma forte protagonista na alimentação brasileira e mundial. A comida natural, ao contrário do que muitos pensam, se preocupa com o gosto e a aprovação do paladar.

O verde nutricional das folhas, por exemplo, muitas vezes considerado amargo e desagradável, pode ser substituído por folhas PANCs mais saborosas e que realizam contraposição no paladar. Partes alimentícias não convencionais podem ser encontradas em plantas convencionais de feira de produtores agrícolas. Folhas de brócolis, couve, beterraba e assim por diante também servem como fonte de nutrientes, mas não encontram-se em feiras comuns ou supermercados.

Entretanto, deve-se considerar que o termo “não convencional” é relativo. Existem regiões em que plantas PANC existem em enorme quantidade e portanto, são comercializadas em mercados. Um exemplo é a facilidade da Ora-Pro-Nobis de fixar-se a maioria de tipos de solo. As PANCs seguem a convicção de uma alimentação de baixo valor agregado financeiramente e ambientalmente.As plantas PANC possuem grande potencial para educação ambiental dessas ao possuírem a função de despertar a sociedade para fontes extraordinárias de alimentação. A identificação dessas plantas diminui a cegueira botânica, muito comum em nosso meio.

A validação de alimentos novos que substituam o consumo de proteína animal auxilia para a conservação ambiental de biomas, que atualmente encontram-se em um processo de degradação, substituição pela agropecuária e desertificação. A preservação ambiental também ocorre por meio da redução das emissões de gases de efeito estufa, produzidas pela cultura de animais, causadores das mudanças climáticas globais. (2)

Nós incentivamos a pesquisa e o consumo dessas plantas para o desenvolvimento de uma realidade mais sustentável e saudável para nós e para o planeta!

Texto e imagem por: @alanagmq

Confira as publicações completas e o glossário com as palavras deste mês em https://linktr.ee/ecossistemas_costeiros


Referências:

Semana Nacional Sobre a Importância das PANC para a Saúde Planetária Dia 1 (1) e Dia 2 (2)

Recomendamos:

Todos os 5 vídeos dos Embaixadores de Saúde Planetária - Playlist: Semana Nacional Sobre a Importância das PANC para a Saúde Planetária.

Livro: Plantas Alimentícias Não Convencionais PANC no Brasil - Valdely Ferreira Kinupp.

Silva, A. (2022) Você sabe o que são Plantas Alimentícias Não Convencionais?

Autoria:

Autora: Alana Giulia de Oliveira Marques da Silva

Revisão:

Flávio Augusto de Souza Berchez (Orientador)